quarta-feira, dezembro 31, 2014

obrigado

2014 foi um ano extremamente extravagante, onde tudo foi altamente positivo, ao mesmo tempo que tudo foi altamente negativo! 

há pessoas, coisas e momentos que se cruzaram comigo e que talvez nunca se vão aperceber do real significado que teve para mim o simples facto de compartilharem comigo um momento de conversa. 

não sei quem afirmou/inventou que plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho estão entre as coisas obrigatórias que uma pessoa deve fazer na vida... nunca acreditei nisso por achar simplista a generalização das escolhas que cada um deve achar importante para sua própria vida. 

2014 foi um ano em que fiz e vi algumas coisas que são para mim obrigatórias na vida de qualquer pessoa (isso, para ser também tão simplista ou até arrogante como a pessoa que afirmou/inventou a história da árvore, do livro e do filho). li a Chimamanda Ngoze, vi 12 Years a Slave, entrei para o mundo TEDx, aquela plataforma que muitos chamam de elitista, e vi a melhor performance real feita por um angolano da minha geração e que tenho muito orgulho em ser seu amigo. vi o Paulo Pascoal a dar um soco certeiro no epicentro do preconceito da nossa geração. aquele momento trouxe-me lágrimas de alegria e certeza que só daqui a muitos anos vamos todos perceber o real significado daquilo que o Paulo fez. 

mas o ano foi também de outros momentos, de outras coisas e de outros regressos. a morte regressou em força e a capacidade de conviver e "ultrapassar" a sua dor é com certeza uma das maiores incertezas da vida. nenhum médico, feiticeiro algum, cientista, curandeiro, sábio ou o maior graduado na universidade da vida, foi capaz de explicar com uma lógica aceitável essa capacidade humana de viver com a morte! pelo Pedalé, pelo Jorge e pelo Kimwanha fui novamente obrigado a testar essa minha capacidade. 

é difícil acreditar, mas é verdade que tudo isso foi em 2014! 

terça-feira, novembro 25, 2014

será este o meu lugar?

 
como qualquer outro lugar, Luanda tem também o seu movimento de acontecimentos que se por um lado agradam a este, do outro desagrada aquele... mas isso, não deve ser motivo de desanimo, muito pelo contrario, essa mescla de acontecimentos para diferentes gostos faz-me sentir orgulhoso de viver num lugar com tantas pessoas que pensam de maneira diferente. 

para mim, o último fim de semana foi um momento de legitimidades, mesmo que os mais radicais me chamem de atrevido por achar interessante e tentar de alguma forma misturar o regresso do cupido a baia da kianda, com uma Aline que numa simplicidade crua quase sempre arrasa quem se sente tocado com a sua música, no mesmo dia em que estava marcada uma manifestação com toda legitimidade mas que infelizmente e mais uma vez foi “abordada” de inicio por aqueles que têm mais poder e que incrivelmente temem os que têm menos poder! ouve ainda um duplo Rui Vargas, Leandro Silva e Kulas num lugar como muitos que parecem estar fora da Luanda que vivo, fechando num mussulo de misturas entre chatas, mini-iates e motos de água, todos debaixo do mesmo sol abrasador. 

sim, isto é Luanda, o mesmo lugar que na sexta feira grupos de adolescentes e não só, deliravam ao som das histórias de amor do Anselmo Ralph, num palco em que passaram muitos outros músicos para festejar os 10 anos de carreira daquele que é talvez o músico angolano jovem mais querido pelos adolescentes e outros.
 

depois tivemos Aline Frazão, essa voz que nos canta com uma intimidade assim do nada algumas das suas lamentações dessa Angola que nos leva num caminho de poucas esperanças. o espaço Bahia esteve cheio para a conversa com ela e a guitarra do Toty sa´Med sem esquecer a presença do Francisco Vidal que discretamente também participou na noite.
   

para fechar, uma viagem ao céu... o mesmo céu que vou sempre que oiço boa música electrónica e me faço rodear dos amigos, os mesmos que apesar das diferentes opções de vida e gostos completamente distintos, contínuo a sentir-lhes como amigos.
 

quinta-feira, novembro 20, 2014

terça-feira, novembro 04, 2014

quinta-feira, outubro 30, 2014

terça-feira, outubro 07, 2014

sou feliz com aquilo que posso...

são quase 5h da manhã, venho do show do mês numa daquelas noites em que a música me fez conversar com os mortos! é muito tarde e tenho tanta coisa para falar sobre a noite mas o cansaço não ajuda... queria escrever sobre o meu pai e os momentos que passamos juntos a ouvir os irmão Kafala, poderia falar-vos do sorriso brilhante ou da racha sensual da cubana (suponho) que acompanhou o cota José Kafala em palco, poderia também escrever sobre a organização que todos os meses sobe as espectativas do evento como se estivéssemos a caminho do melhor orgasmo da nossa vida... mas não me apetece, estou cansado dos sentimentos que essa noite despertou em mim! 

depois de sair do show, estive do Rooftop Party e na viagem com o Dj Kulas, não me saia da cabeça o momento em palco do cota Kafala e o Kizua Gourgel. o Kizua representa para mim uma posição de vida, uma posição de teimosia acertada e uma referência da “minha geração” como exemplo de que apesar de tantas dificuldades que passamos é preciso acreditar no sonho e estar firme na decisão daquilo que queremos para nós... sempre gostei de gostar de músicos como o Kizua que me refrescam a mente sempre que lhes escuto e principalmente porque me levam para o lugar da minha maior felicidade: a minha infância em Luanda. 

um show que faz isso, é um show que foi muito bom!